A fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dor muscular generalizada, fadiga persistente, alterações no sono e sensibilidade aumentada em pontos específicos do corpo. Acomete cerca de 2% da população mundial, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), sendo mais frequente em mulheres entre 30 e 50 anos.

Embora suas causas não estejam completamente esclarecidas, acredita-se que envolvam alterações na forma como o sistema nervoso central processa sinais de dor. Fatores genéticos, traumas físicos ou emocionais, infecções e estresse crônico também estão entre os possíveis desencadeadores.

O diagnóstico é clínico, baseado na análise dos sintomas e na exclusão de outras doenças. Por não existirem alterações visíveis em exames laboratoriais ou de imagem, o reconhecimento da fibromialgia exige atenção médica especializada.

A fibromialgia tem cura?

A fibromialgia é uma condição crônica, mas, apesar de ainda não existir cura definitiva, é possível tratar a fibromialgia com um plano individualizado que envolva diferentes abordagens de cuidado. O objetivo é controlar os sintomas, melhorar a funcionalidade e proporcionar mais qualidade de vida ao paciente.

Quando a fibromialgia é considerada grave?

A fibromialgia é considerada grave quando os sintomas comprometem intensamente a rotina, o trabalho e a vida social do paciente. Nestes casos, há dor incapacitante, fadiga extrema e insônia, que podem exigir acompanhamento especializado em centros de dor ou clínicas de reumatologia.

Como tratar a fibromialgia?

O tratamento mais eficaz é aquele que combina intervenções farmacológicas e não farmacológicas, sempre adaptadas às necessidades de cada paciente. 

Tratamento farmacológico

O uso de medicamentos visa reduzir a dor, melhorar o sono e controlar sintomas associados como ansiedade ou depressão. Os principais fármacos utilizados utilizados no tratamento da fibromialgia são:

• Antidepressivos tricíclicos e inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina: Fármacos como amitriptilina, nortriptilina e duloxetina ajudam a modular neurotransmissores como serotonina e noradrenalina, reduzindo a sensibilidade à dor, melhorando o humor e a qualidade do sono. Esses medicamentos devem ser utilizados por, pelo menos, 4 a 6 semanas para que se observe resposta terapêutica, sempre em doses ajustadas individualmente. 
• Relaxantes musculares: Medicamentos como a ciclobenzaprina promovem o relaxamento da musculatura esquelética e melhoram a qualidade do sono. São indicados especialmente nos casos de rigidez muscular e dores difusas. As doses costumam variar entre 1 a 4 mg à noite, com duração média de 2 a 3 semanas.
• Antiparkinsonianos: Fármacos como o pramipexol podem ser prescritos para reduzir a dor e melhorar o sono em pacientes com fibromialgia. A dose inicial costuma ser de 0,375 mg ao dia, com aumentos graduais até o máximo de 1,5 mg ao dia, conforme orientação médica.
• Anticonvulsivantes: Substâncias como gabapentina e pregabalina atuam no sistema nervoso central, modulando a dor. A gabapentina é iniciada com 300 mg/dia, podendo chegar até 3600 mg/dia. A pregabalina, por sua vez, começa com 75 mg duas vezes ao dia, podendo ser aumentada até 450 mg/dia. Ambas devem ser utilizadas sob prescrição e acompanhamento profissional.
• Indutores do sono: Fármacos como zolpidem (10 mg) e zopiclona (7,5 mg) ajudam a restaurar o sono, fator frequentemente prejudicado em pacientes com fibromialgia. O tratamento deve ter duração curta, de no máximo 4 semanas, para evitar tolerância e dependência.
• Ansiolíticos: Medicamentos como lorazepam (1 a 2 mg ao deitar) e diazepam (5 a 10 mg) são utilizados para aliviar sintomas de ansiedade, melhorar o sono e promover relaxamento muscular. O uso deve ser restrito a períodos curtos, entre 2 a 3 meses, para evitar dependência.
• Analgésicos simples: Substâncias como paracetamol, ibuprofeno e naproxeno podem ser utilizadas para aliviar a dor. Esses medicamentos podem ser usados isoladamente ou em associação, mas devem ser sempre prescritos por um profissional para evitar uso excessivo ou interações indesejadas. Opióides como o tramadol não são recomendados por causarem efeitos adversos intensos e risco de dependência.

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, os medicamentos não atuam diretamente na causa da fibromialgia, mas ajudam a modular a percepção da dor e aliviar os sintomas.

Os medicamentos manipulados são frequentemente utilizados para tratar a condição, pois permitem personalizar fórmulas com ativos específicos e dosagens ajustadas de acordo com a gravidade dos sintomas e as condições de cada paciente. Essa personalização contribui para maior tolerabilidade e resposta ao tratamento, mas deve sempre ser prescrita por um médico.

Leia também: SAMe: indicações, contraindicações e vantagens do manipulado.

Tratamento não farmacológico

A associação com medidas não medicamentosas é fundamental. As principais estratégias adotadas devem ser:

• Exercícios físicos regulares, especialmente aeróbicos como caminhada, natação e hidroginástica;
• Psicoterapia, com foco no manejo da dor crônica e suporte emocional;
• Técnicas de relaxamento e terapia cognitivo-comportamental;
• Fisioterapia e práticas integrativas, como acupuntura e meditação.

A prática regular de atividade física é considerada a principal linha de intervenção não medicamentosa, com estudos que mostram que ela reduz significativamente a dor e melhora o humor e a qualidade do sono.

Leia também: 5 hábitos para aumentar a endorfina e serotonina.

Qual é o remédio mais eficaz para fibromialgia?

Não existe um único medicamento eficaz para todos os casos. Os remédios mais usados incluem pregabalina, duloxetina, amitriptilina e ciclobenzapina, mas a resposta ao tratamento varia de pessoa para pessoa, o que reforça a importância de uma abordagem individualizada para cada paciente. 

A manipulação é a melhor alternativa para ajustar as dosagens e combinar ativos, além de permitir flexibilizar a formulação conforme o perfil clínico do paciente e minimizar efeitos adversos.

Quais são as vantagens de manipular o tratamento para fibromialgia?

A manipulação de medicamentos oferece uma série de benefícios, especialmente em uma condição com sintomas tão variáveis como a fibromialgia:

• Permite ajustar a dose ideal para o paciente, reduzindo riscos de efeitos colaterais;
• Possibilita a associação de mais de um ativo na mesma formulação;
• Melhora a adesão ao tratamento, com formas farmacêuticas personalizadas (cápsulas, soluções, cremes, etc.);
• Garante maior conforto para pacientes sensíveis a excipientes de medicamentos industrializados;
• Contribui para uma resposta terapêutica mais eficaz.

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Por: Fabíola Tavares Lemos

Biomédica

CRBM: 35430